Muitos pais relatam que a adolescência é um período difícil, mas será que necessariamente tem que ser? Alguns pais batem de frente com eles ou ficamos perdidos sem saber que atitude tomar diante de alguns comportamentos.
Vamos refletir sobre este período?
Primeiramente, muitos pais apresentam dificuldade em aceitar ou perceber que os pequenos filhos estão crescendo, tratando-os como crianças. Outros, opostamente, os tratam como se já tivessem as responsabilidades de um adulto.
É muito comum encontrarmos pais que têm dificuldades para perceber ou aceitar que os filhos cresceram, pois esta ideia pode ficar atrelada a falta de importância deles na vida dos filhos. O crescimento trás consigo autonomia, independência, e junto a perda de controle total sobre a vida dos filhos. Porém temos que lembrar que os pais devem criar os filhos para o mundo.
Conforme os filhos crescem a demanda pelos pais modifica-se, mas isso não quer dizer que a importância deles é menor, mas diferente. Devemos educar nossos filhos de modo que saibam lidar com as frustrações, para serem flexíveis diante das adversidades da vida, para serem cidadãos éticos e com valores sólidos. Tarefas que não são fáceis.
Meu filho não me respeita.
A construção do respeito aos adultos e principalmente aos pais inicia na infância. Não adianta achar que o filho de 3 ou 4 anos que faz tudo o que quer, que grita com os pais e não os respeita quando crescer vai mudar. Temos que educa-lo desde a primeira infância.
No período da adolescência, os jovens começam a buscar sua própria identidade. Suas buscas por aceitação social fazem parte de uma necessidade de autoafirmação, pois como esta identidade ainda não está totalmente construída, precisam se sentirem pertencentes a determinado grupo ao qual ele admira. Os valores e exemplos recebidos pelos pais durante sua infância contribuirão para estas escolhas futuras.
É importante que haja respeito entre ambos. Esse é um tema polêmico, pois algumas pessoas confundem o papel de cada um nessa relação. Pais são pais e filhos são filhos. Lembrando que os pais têm a função de ensinar, educar, e isso pode causar descontentamento por parte dos filhos, que muitas vezes os pais precisam ser firmes e impôr limites. Lembrando que pai não é amigo do filho (no sentido de ter a mesma idade e viver os mesmos dilemas), mas alguém que sempre lhe deseja o melhor.
Outra questão importante é não confundir autoridade com autoritarismo. Autoridade não é conquistada com gritos ou chantagens, mas com respeito, com fazer pensar, com exigência de que sejam cumpridos os combinados.
Como construir uma relação saudável?
Para desenvolver uma relação saudável com os filhos, é importante que sintam que os pais não deleguem seu papel de educador a escola ou a sociedade. Que mostrem para para eles que apesar de trabalhar fora, e não ter tanto tempo para dedicar a estarem juntos, os tem como prioridade no tempo em que estão junto.
Todos temos 24 horas no dia, e dizer que não tenho tempo para conversar com meu filho é dizer que não priorizo isso. Temos que priorizar a relação, a troca, o diálogo e isso deve ocorrer em via dupla. A vida cobra isso e se não for dessa forma, teremos que buscar futuramente ajuda de profissionais, principalmente psicólogos e psicoterapeutas, para aprendermos a dialogar com nossos filhos.
A adolescência não necessariamente precisa ser um período de rebeldia e discussões familiares. Se isto está acontecendo pode ser importante buscar ajuda com profissionais para buscar a causa e lhes orientar sobre algumas mudanças comportamentais que a família precisa adotar.
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Alessandra Bizeli Oliveira Sartori
Pedagoga - Unopar
Psicopedagoga - Unifev
Mestre em saúde da criança e do adolescente - UNICAMP
Especialista em Reabilitação Neuropsicológica - IPAF
Mediadora de Pei (Programa de Enriquecimento Instrumental) pelo International Institute for the Enhancement of Learning Potential de Feuerstein (Israel)
Extensão em Psicanálise
Docente de cursos de pós-graduação